quarta-feira, 29 de abril de 2009

Pega no telefone e liga-lhe, não tens nada a perder. Diz-lhe que tens saudades dele, que ninguém te faz tão feliz, que os teus dias são secos, frios e áridos, como um deserto imenso, sem oásis nem miragens, sempre que não estão juntos.
Pega no telefone e liga-lhe. Se ele não atender, deixa-lhe uma mensagem. Ou então escreve-lhe uma mensagem a dizer que queres estar com ele. Não te alongues nem elabores, os homens nunca percebem o que queres deixar cair nas entrelinhas. Tens de ser clara, directa, incisiva. E não podes ter medo, porque o medo é o maior inimigo do amor. Cada vez que deixares o medo entrar-te nas tuas veias, ele vai gelar-te o sangue e paralisar-te os nervos, ficas transformada numa estátua de sal e morres por dentro.
A vida é uma incógnita, hoje estás aqui, amanhã podes ficar doente, ou cair-te um piano em cima quando fores a andar na rua. Ainda há pessoas que atiram pianos pela janela, sabias? Nunca se sabe como será o dia de amanhã, por isso não percas tempo: pega no telefone e liga-lhe. Tenho a certeza que ele te vai ouvir, tenho a certeza que ele te vai ajudar, tenho a certeza que ele, à sua maneira - e é tão estranha a forma como os homens gostam de nós - ainda gosta de ti. Mesmo que já não te ame, ainda gosta de ti, como tu vais aprender a gostar dele, quando a vida te obrigar a desistir deste amor. Ele está longe, mas olha por ti por entre memórias, presentes e flores. À noite, entre sonhos alterados pelo álcool, tu apareces-lhe na cama e ele volta a sentir o cheiro da tua pele e volta a amar-te com todas as suas forças. Ainda que não acredites, tu viverás para sempre nele, tal como ele vive em ti, na memória das tuas células, num passado que pode ser o teu escudo, mesmo que não seja o teu futuro.
Pega no telefone e liga-lhe. Fala com ele de coração aberto, diz-lhe que o queres ver, chora se for preciso, pede-lhe que te diga se sim ou se não. Se for preciso, por mais que te custe, pede-lhe para te escrever a palavra NÃO. Pede-lhe uma resposta para o teu coração. Mais vale saberes que acabou tudo do que viveres com as laranjas todas no ar, qual malabarista exausto, sem saberes nem como nem quando elas vão cair. Mais vale chorar a tristeza de um amor perdido do que sonhar com um oásis que se transformou numa miragem.Pega no telefone e liga-lhe. Liga as vezes que forem precisas até conseguires uma resposta, a paz de uma certeza, mesmo que essa certeza não seja a que desejavas ouvir. Mas não fiques quieta, à espera que a vida te traga respostas. A vida é tua, tens de ser tu a vivê-la, não podes deixar que ela passe por ti, tu é que passas por ela. E quando todas as laranjas caírem, apanha-as com cuidado, guarda-as num cesto e muda de profissão. O circo é para quem não tem casa nem país, não é vida para ninguém. Guarda as laranjas num cesto, leva-as para casa e faz um bolo de saudades para esquecer a mágoa. E nunca deixes de sonhar que, um dia, tal como eu, vais encontrar alguém mais próximo e mais generoso, que te ensine a ser feliz, mesmo com todas as pedras que encontrarem no caminho.
Larga as laranjas e muda de vida. A vida vai mudar contigo.

sábado, 4 de abril de 2009

coração calejado




Fala-se de mãos e pés calejados, mas pouco se fala de corações calejados. Portanto... quanta gente há por aí vivendo como se não fosse possível ter sentimentos porque um dia foram magoadas. As pessoas mais durinhas, que parecem indiferentes ao amor, carinho e ternura, são pessoas endurecidas pela vida. São vítimas de uma dor que não souberam gerir.
Uma empresa mal administrada vai à falência; um coração mal dirigido vai à ruína. Somos nós os gerentes da nossa vida. A nós cabe as decisões importantes que conduzirão o nosso caminho. Já alguém experimentou andar com um sapato apertado? No início as pessoas aguentam, faz até uma cara bonita. Mas isso nem sempre acontece e depois de algum tempo percebemos que, mesmo se as pedras no caminho podem fazer mal, melhor mesmo é deixar esse sapato de lado, ainda que seja aquele que a gente tanto desejou e até se sacrificou para adquirir. Há pessoas que calejam e endurecem o nosso coração. Fazem parte da nossa vida e as amamos, mas nos fazem mal... tanto e tanto que acabamos fechando aos poucos as portas do nosso coração a outras possibilidades. Trancamo-nos dentro dele e vivemos na escuridão da nossa própria sombra. Não devemos deixar de acreditar nas estrelas porque um dia as nuvens escuras encobriram o nosso céu. Se o nosso coração está calejado e endurecido, devemos tentar cuidar dele com mais carinho ainda se ainda formos a tempo de salvá-lo. Que seja o nosso coração a transformar a atitude dos outros em relação a nós e não o contrário.
È triste e angustiante quando nos tornamos jogadores de interesses que não sabemos o resultado. Não devemos acreditar cegamente em tudo o que nos dizem se não tivermos provas do verdadeiro interesse e qual o resultado pretendido.
Nós seres humanos, somos naturalmente afectivos... Queremos amar, queremos ser amados, queremos expressar o nosso amor, e termos liberdade para essa expressão. A nossa vida gira em torno dos nossos afectos e a maioria das atitudes que tomamos na vida tem por base uma relação afectiva. Dou uma importância algumas vezes até exagerada à minha vida afectiva enchendo-me de expectativa com os meus relacionamentos. Acontece que se alguma coisa da minha parte afectiva correr mal, todo o resto fica mal, toda a minha vida fica uma lástima, porque quem comanda as minha vida são os sentimentos, sentimentos estes que na maioria das vezes são espezinhados, desprezados...
Eu sou uma pessoa disposta ao amor, disposta a ter um relacionamento verdadeiro, só que muitas das vezes, vivo com os meus sonhos e as minhas ilusões de viver um grande amor, mas na maioria dos casos tem resultado em frustrações. Tenho aceitado as outras pessoas e será que as pessoas me aceitam a mim tal e qual como sou, com as minhas qualidades e defeitos? Na maioria dos casos as pessoas que me rodeiam só vêm em mim defeitos. Não permitem que eu seja como sou, pois querem que eu me transforme num farrapo humano pronto a ser usado quando precisam e deitado ao lixo para nunca mais ser usado.
Temos tantas ilusões dentro de nós que fica difícil relacionarmo-nos com os outros. Como aceitar o outro se não nos aceitamos, nem mesmo a nós mesmos? Como permitir que o outro seja ele mesmo, se nós não nos permitimos ser como somos?
Deixamos os nossos sonhos tomarem conta de nós, idealizamos um relacionamento e quando entramos em contacto com o relacionamento real ficamos decepcionados, magoados. A mágoa vem do orgulho vem das fantasias que temos, e essa ilusão de perfeição, de que tudo tinha que ser como eu imaginei e não como é, vem de crenças de que é o outro que tem de me fazer feliz.
Ofendemo-nos, ficamos magoados, generalizamos posturas e experiências... Dizemos que "é sempre assim"... Que "a felicidade não existe", etc... Prometemos a nós mesmos que não vamos entrar noutra... Juramos que nunca mais seremos burros ou ingénuos e acabamos por fechar o nosso coração... Com o tempo, temos vontade de experimentar novamente, mas lá dentro de nós existe uma promessa de não arriscar mais para não sofrermos e não nos magoarmos outra vez. Nós nos vingamos do outro por nos fazer sofrer... Impedimo-nos de ir, continuamos feridos, cheios de defesas, cheios de medo, receosos. Com medo de sofrer, sofremos... Acabamos reclamando de que temos carência afectiva, de solidão, sem atentar ao facto de que carente não é quem não tem amor, mas sim aquele que tem , mas não dá com medo de ser pisado.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Eu esperei por ti..
Eu confiei em ti...
Eu lutei por ti,
E até me apaixonei por ti.......

Mas agora, já não é importante, pois não?